Nutrição e saúde mental: o que você come afeta como você se sente

Cada vez mais, estudos confirmam o que a prática clínica e o senso comum já apontavam: há uma forte conexão entre alimentação e saúde mental. Nosso cérebro precisa de nutrientes para funcionar bem — e o que colocamos no prato pode influenciar diretamente nosso humor, níveis de energia, disposição e até sintomas de ansiedade e depressão.

Neste artigo, você vai entender como a alimentação impacta a saúde mental e conhecer estratégias nutricionais que promovem bem-estar emocional.

Como a alimentação influencia o cérebro?

O cérebro é um órgão altamente ativo, responsável por processar emoções, pensamentos e comportamentos. Para tudo isso funcionar bem, ele depende de um fornecimento constante de nutrientes. Entre os principais mecanismos de influência estão:

1. Produção de neurotransmissores

Nutrientes como triptofano, tirosina, vitaminas do complexo B, magnésio e ômega-3 são essenciais para a produção de neurotransmissores como serotonina, dopamina e GABA — que regulam o humor, o sono e o apetite.

2. Eixo intestino-cérebro

O intestino é considerado nosso “segundo cérebro” por abrigar centenas de milhões de neurônios e abrigar a microbiota intestinal. Um intestino equilibrado influencia positivamente a mente e vice-versa. Alimentos ultraprocessados, açúcares em excesso e desequilíbrios na microbiota estão associados a sintomas como irritabilidade, fadiga e ansiedade.

3. Inflamação e estresse oxidativo

Dieta desequilibrada pode gerar inflamação crônica de baixo grau, que tem sido relacionada a transtornos como depressão. Por outro lado, uma alimentação rica em alimentos naturais, fibras e antioxidantes pode ajudar a modular esse processo.

Alimentos que favorecem a saúde mental

Incluir os alimentos certos no dia a dia pode ter um efeito positivo real sobre o humor e o bem-estar. Veja alguns exemplos:

  • Fontes de triptofano: ovos, banana, aveia, grão-de-bico
  • Ômega-3: peixes gordurosos (salmão, sardinha), chia, linhaça
  • Fontes de magnésio: sementes, espinafre, leguminosas
  • Probióticos e prebióticos: iogurte natural, kefir, chucrute, fibras vegetais
  • Vitaminas do complexo B: cereais integrais, vegetais verde-escuros, carnes magras

Além disso, manter uma rotina alimentar equilibrada e sem longos períodos de jejum ajuda a estabilizar os níveis de energia e o humor ao longo do dia.

Comer bem também é comer com prazer

Cuidar da saúde mental através da alimentação não é sobre seguir dietas restritivas ou se cobrar perfeição. É sobre construir uma relação mais gentil com a comida e com o corpo. Isso inclui:

  • Ouvir os sinais de fome e saciedade
  • Permitir momentos de prazer sem culpa
  • Comer com atenção e presença
  • Reduzir a autocrítica alimentar

A nutrição comportamental pode ser uma grande aliada nesse processo, ajudando você a reconhecer padrões, reduzir a ansiedade alimentar e desenvolver autonomia.

Quando buscar ajuda profissional?

Se você percebe que sua alimentação está afetando seu humor, ou se sente dificuldade em manter uma relação equilibrada com a comida, é importante buscar apoio. Um(a) nutricionista pode orientar estratégias práticas e adaptadas à sua realidade, além de atuar em conjunto com psicólogos e médicos, quando necessário.

Conclusão

A alimentação tem um papel fundamental na nossa saúde emocional. Comer bem vai além de nutrir o corpo, é também cuidar da mente, do bem-estar e da qualidade de vida. Pequenas mudanças no seu dia a dia podem fazer grande diferença.

Referências

  1. Marx, W. et al. (2017). Nutritional psychiatry: the present state of the evidence. Proceedings of the Nutrition Society, 76(4), 427–436. https://doi.org/10.1017/S0029665117002026
  2. Jacka, F. N. et al. (2015). Association of Western and traditional diets with depression and anxiety in women. American Journal of Psychiatry, 167(3), 305–311. https://doi.org/10.1176/appi.ajp.2009.09060881
  3. O’Neil, A. et al. (2014). Relationship between diet and mental health in children and adolescents: a systematic review. American Journal of Public Health, 104(10), e31–e42. https://doi.org/10.2105/AJPH.2014.302110
  4. Ministério da Saúde. (2022). Guia alimentar para a população brasileira. https://www.gov.br/saude
Oi, sou Silvia Machado

Nutrição gentil e acolhedora baseada em evidências científicas

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